segunda-feira, 23 de julho de 2007

Tantos nós

Quantos sois, tão muitos seres,
Se só um vos posso ver?
Quantas partes sois por dentro
Quando o sol brilha ao nascer?

Quantos risos, um que vejo,
Tu te lanças ao cantar?
Tantas magoas, sim, percebo
Que também cais ao chorar

Quereis lua sem estrela
Dizeis eu, por nós, por ti
Ouvis sino e relampejo
Andais sós, mas entre si

E por fim, sem ver começo
Eu, tão meu, a questionar
Sangro vida à amizade
Pros que vivem do amar

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Nova moda na Publicidade

Estava eu, ontem, voltando do trabalho para casa, sentada no 622, depois de ter trocado duas vezes de ônibus (estava com pressa) e me pego prestando atenção em um pregador (=pessoa que faz pregações; orador).

Ele dizia coisas do tipo "só o senhor salvará a todos nós" e "ele é o todo poderoso e olha por nós"; até aí nada, coisas típicas dessas pessoas que não respeitam o silêncio alheio. De repente, ele começa a falar mais ou menos isso:

"Deus é perfeito, veja só o que ele fez: a natureza, as planta e tudo funciona como deve ser. Tudo tem seu ciclo. E inventou também os homem, aí vê só como ficou o mundo. Ficou assim como a gente conhece hoje, os homem modificou tudo, tá essa desgraça aí".

Até aí ainda estava normal, nada que já não tenha escutado em outros ônibus e praças públicas. Então, ele continuou:

"Isso tudo é verdade, tá na bíblia, falando do começo do mundo. Na gênesis, sabe. Se você não conhece a bíblia, vai no Prezunic que lá tem! No supermercado Prezunic tem bíblia muito boa. Pode ir lá comprar que lá tem!".

Logo depois, desci do ônibus perplexa com o que havia presenciado: uma publicidade falada do Prezunic! Isto não é mais exclusividade da Universal do Reino de Deus não! Fica aí a dica para àqueles que querem fazer propaganda do seu negócio e querem atingir um público bem diversificado que pode variar das classes B até E.

Será que vai virar moda? Será que está nascendo um novo ramo na publicidade - a publicidade falada?

domingo, 1 de julho de 2007

Das coisas simples

Num mundo de relações complexas, onde tudo está interligado, mas, é tratado e visto em fragmentos, é difícil pensar objetivamente, quem dirá, agir deste modo! Diante da obsessão pelo crescimento e das novas tecnologias, cada vez mais aprimoradas, em benefício do nosso conforto que, principalmente, a partir do século XX, mudou radicalmente os hábitos humanos, pelo menos, no que diz respeito ao homem ocidental, e, paradoxalmente, tem sido a ruína do próprio, me apaziguo por dentro pelo fato de não ter dinheiro para comprar roupas novas. De certa forma, ao menos por um lado, estou ajudando a diminuir o ritmo frenético de consumo do mundo.

Na maior parte das teorias, o que me incomoda é a falta de humanidade em suas concepções, que tendem a reduzir os organismos vivos a padrões ou sistemas ou generalizações. Humanidade, a qual me refiro, é apenas o fator imprevisível e criativo de todas as coisas que possuem vida. Aquele fator que torna a vida, como um todo, única. Neste tocante, preciso compartilhar a maior descoberta desses últimos meses da minha vida.

Vocês sabiam que, ao colocar o adoçante e, depois, então, derramar o cafézinho; estes, se misturam automaticamente em uma homogeneidade completa, sem se fazer necessária a figura da colherzinha? Genial! Ok, vocês podem estar me achando tola, mas, para mim, foi a maior de todas as descobertas desses últimos meses! Quantas e quantas vezes amarguei o gosto de um bendito café para me manter acordada, quando, a solução para sua aspereza, estava ali, simples e pura, bem diante dos meus olhos. Para a descoberta, apenas era preciso uma mudança de perspectiva, como, arrisco-me a dizer, em tudo na vida. Uma bela metáfora temos aqui!

Por isso, convoco a todos que reflitam acerca do que disse Saramago em O ensaio sobre a cegueira: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara".