quinta-feira, 7 de maio de 2009

por vontade de ser
que faço
por vontade de ir
que transformo
por vontade de amar
que permaneço
por vontade de matar
que esqueço
por vontade de congelar
que sou

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Falsa Nobreza

Nobres são os reis, nobres são os encastelados, os protegidos, os melhores. Nobres são os protagonistas. São aqueles para quem o mundo acontece. A nobreza é para os escolhidos.
Ser nobre é assistir de camarote, é ter razão. Ser nobre é não se envolver com a sujeira da vida. E sim olhá-la de longe, lamentando a falta de sensatez dos elameados. Ser nobre é não se envolver, pois se está acima da história.
Nobres são os críticos de arte, de cinema, cineastas e artistas. Nobres são os intelectuais, gente que olha de cima.
Mas quem é nobre sabe que o título nao prescinde de riqueza. Porque para ser nobre só se precisa de certeza, certeza da própria nobreza.
Mas e os falsos nobres, quem são? pobres sem riqueza ou ricos sem nobreza?
Nobreza é estado de espírito. É ter nojo da vida mesmo deleitando-se profundamente com cada dia.
Viva a nobreza dos falsos nobres, afinal, quem tem sangue azul?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Que é do tipo cara valente...

Não olhou para trás, tamanho o tamanho do futuro que quis.
Mal pra frente ele olhou.
Sacou seus óculos escuros, manchados com vontade de não ter.
Respirou e partiu.
Repartiu.

Até hoje anda sem, sempre, semântica, sêmen, semelhante...
... semáforo!

Anda vermelho achando ser verde...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

estrondo

antes somente gritos surdos
mimesis desvairadas em risos e soluços

ignóbeis e inertes, imersos em si
gentis corpos domados embalados no devir
ouve-se agora, um estrondo
sim, agora somos

quarta-feira, 2 de julho de 2008

ím par

meu corpo está dormente...
formiga tudo..
eu não sei o que é isso...
acho que é reflexo de não poder sentir nada.

não poder..
não dever..
não ter...
não-ser...
não...
não...
não.
nunca me deparei com tantos não's na minha vida.

no que isso vai me levar?
não importa, como bem sei.
E o bem saber é o que mais dói.
Saber tanto, é o que me leva a vontade de voltar a ser criança,
onde se é sábio por saber de menos.
Onde se é protegido pelas coisas simples.

E como as coisas são simples!
Tão simples, que me mata a sua frieza simplificadora.
E a minha ignorância em persistir e tentar,
sempre que a vida me engana.
Já se esgota em mim essa capacidade de acreditar em algo, alguma coisa ou alguem.
Já se esgota em mim tanta coisa...
Já se esgota o sopro de vida...
as coisas começam a se tornarem cinza.

E é hora de parar.
Parar de sentir.
Parar de falar.
Parar de respirar, talvez.
Simplesmente, parar.
Mas o mundo, como bem disse um sábio, este não pára,
mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma.

Me desculpe por não respeitar no momento em que decidiu de forma caótica,
nada clara, nem segura, que era hora de parar.
Mas nós sabemos que se não fosse minha recusa em aceitar regras,
não chegaríamos até aqui.
Seja lá o que esse 'aqui' quer dizer.

Já não acredito em nenhuma realidade.
Muito menos em passado.
Mas percebo que é hora de ir,
quando vejo seus atos se repetirem com outra pessoa.

E vou.
Em verso, prosa, poesia, e talvez, canção.
Como vim.
Assim, parto.
Em carne morta.
Sangrando.
Silenciando.

E sem acreditar em mais nada.
Ao tomar ciência de que a vida é uma repetição de momentos,
troca-se apenas os personagens.
Vôo.

Deixo-a.
A sua, a minha e a de quem mais for.
Deixo tudo para trás, porque não vale uma esperança.
Deixo.
E sei que o roteiro permanece o mesmo.

Muda-se o par.
Mas continua par.
P'ra sua sorte, é par.

A-d-e-u-s é ímpar.
f-u-i também é.

Sobra-se sempre um,
mesmo u-m sendo par,
e a v-i-d-a também é.

Mas p-a-r é ímpar,
sobra um.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Anseio

Por onde andam
agridoce almas semelhantes?
Em outro plano?
Por quais universos distantes?

É sentida a ausência no sorriso
sutilmente modificado
Nas brincadeiras e trejeitos
codificados

Será que choraremos novamente a mesma lágrima?

Um dia gargalharemos, outra vez, da mesma piada?

Nos refletiremos despidos, como outrora, por certa questão inventada?

Anseio.